Por Enda Curran e Kevin Hamlin.
A mais recente ameaça tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode prejudicar a economia da China, já em desaceleração, e forçar novas medidas dos formuladores de políticas em Pequim para evitar um desaquecimento mais profundo, dizem especialistas.
Economistas estimam que as possíveis tarifas de 10% sobre mais US$ 300 bilhões em mercadorias chinesas podem significar que o ritmo de crescimento testará o piso do intervalo do governo entre 6% e 6,5% este ano – ou até ser mais fraco.
No entanto, um arsenal pesado de opções monetárias e fiscais significa que tanto o governo quanto o Banco Popular da China têm espaço significativo para responder. As autoridades podem aumentar os gastos ou tentar implantar projetos de infraestrutura para compensar qualquer impacto no emprego. O PBOC também tem um kit de ferramentas de políticas que incluem mais cortes das taxas de juros e outras medidas para estimular os empréstimos.
“Se tais tarifas adicionais fossem impostas, elas pressionariam ainda mais o crescimento na China, mas provavelmente não o suficiente para que Pequim entrasse em pânico”, disse Louis Kuijs, economista-chefe para Ásia da Oxford Economics, em Hong Kong.
Sinais contraditórios
A ameaça de novas tarifas vem em meio a sinais contraditórios sobre a economia de US$ 14 trilhões da China. Embora os indicadores de atividade do setor de manufatura tenham mostrado sinais de melhora em julho, outros dados apontam para desaquecimento contínuo. As exportações continuam fracas, a confiança empresarial azedou e a desaceleração dos preços das fábricas flerta com a deflação.
Na sexta-feira, Pequim prometeu responder se os EUA insistirem em aplicar mais tarifas ao restante das importações chinesas.
“Se os EUA implementarem tarifas adicionais, a China terá que tomar as contramedidas necessárias”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, em reunião em Pequim, sem dar mais detalhes.
Economistas do Standard Chartered estimam que as tarifas extras poderiam reduzir o crescimento anual do PIB da China em 0,3 ponto percentual, mantendo o ritmo geral acima do piso de 6% com os estímulos do governo.