Aprendendo a levantar (literalmente) como estagiário da Bloomberg

Gabriel Shinohara é estagiário de jornalismo no escritório da Bloomberg em Brasília. Ele é aluno da Universidade de Brasília e cobre política e economia na capital federal, frequentando coletivas de imprensa, audiências no Congresso e discursos de autoridades.

Uma das minhas experiências favoritas como estagiário da Bloomberg aconteceu algumas semanas depois que comecei. Levei um tombo na frente do senador Renan Calheiros! Na época, ele era líder do PMDB no Senado.

Alguns peemedebistas queriam que ele abrisse mão da liderança. Eu e outros jornalistas estávamos do lado de fora do gabinete dele, esperando pegá-lo no “quebra queixo” — aquelas entrevistas nas quais o rosto da pessoa fica rodeado de microfones.

Calheiros saiu e os repórteres começaram a fazer perguntas. Com tantas câmeras e gente tentando atrair a atenção dele, parecia uma celebridade. Ele respondeu algumas perguntas, a maioria evasivas. Ele estava rodeado de mais de uma dúzia de repórteres enquanto tentava caminhar do gabinete dele para o plenário do Senado.

Eu fiquei em uma posição vulnerável, agachado, tentando gravar o que ele estava dizendo e ao mesmo tempo evitando aparecer nas câmeras de TV. Quando o grupo começou a andar, tentei acompanhar, mas não consegui. Caí no chão. Eu vi graça na situação, mas também fiquei muito envergonhado. De repente, alguém estendeu a mão para me ajudar a levantar. Era a mão do presidente do Senado.

Nunca é um dia qualquer

Esta foi uma das muitas experiências inesquecíveis que tive como estagiário da Bloomberg. Nesta função, eu frequentemente tenho interações autênticas com pessoas no centro do poder do País. Estudar jornalismo na faculdade terá um grande efeito na minha carreira, mas não dá nem para medir o benefício de trabalhar nas notícias mais importantes. Acho que a Bloomberg é o único lugar que poderia me oferecer oportunidades tão gratificantes.

Outra lembrança importante aconteceu enquanto eu estava cobrindo uma manifestação em frente ao Congresso. Sindicalistas estavam protestando contra a reforma trabalhista e a reforma da previdência e acontecia uma greve geral. Cheguei cedo e decidi caminhar a Esplanada inteira para ver o que estava acontecendo. Só vi algumas dezenas de manifestantes, mas notei que a Força Nacional já havia se posicionado para proteger os ministérios em número que parecia desproporcional.

Felizmente, eu trabalho com editores experientes na Bloomberg que estão sempre dispostos a me orientar, então descrevi a cena para eles por email, querendo saber como proceder. Me responderam rapidamente e, usando as informações que coletei durante o protesto, colaboramos para produzir o que seria a reportagem do dia no Brasil. Graças ao apoio que recebo da equipe de reportagem e aos esforços desse pessoal para me guiar para os lugares certos e a formular as melhores perguntas, ainda não tive um dia ruim no trabalho.

Aprendizado e evolução constantes

Cobrir política em Brasília é meu objetivo desde que decidi ser jornalista, mas nunca pensei que atingiria esse objetivo tão cedo. Com certeza foi uma grande experiência de vida.

Eu trabalho para uma organização dinâmica e todo dia é diferente do outro. Estou sempre aprendendo com meus colegas. Na Bloomberg eu aprendi a entrevistar líderes parlamentares e outras pessoas influentes, a fazer perguntas importantes e a evitar o que não é importante. Passei a entender muito melhor os processos parlamentares e como o governo funciona.

Não se aprende isso na sala de aula, mas cobrindo o que acontece no Congresso e no Palácio do Planalto. Diariamente eu converso com senadores, ministros e deputados, entendo a agenda deles e como vão definir o futuro. Minhas anotações são usadas em reportagens que pessoas no mundo todo vão utilizar para tomar decisões bem fundamentadas. E ver o presidente regularmente é algo bacana que eu nunca sonhei que poderia fazer como estagiário.

Conheça a jornalista chefe da sucursal de São Paulo, Julia Leite, e leia sobre as experiências da estagiária de jornalismo Jordyn Holman.

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