Como o câmbio pode reagir ao Copom renovado

Por Josue Leonel.

A expectativa de um ajuste pontual e equilibrado no tom do Copom desta quarta-feira tende a impedir um avanço do dólar, que só ocorreria no caso de o novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, emitir um sinal claro de corte de juros, o que não é esperado pelos analistas. Uma mudança sutil no Copom pode até levar à queda do dólar, desde que não surjam surpresas negativas vindas do Federal Reserve, que também decide sobre os juros, e da tramitação da reforma da Previdência.

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Mauricio Oreng, estrategista-sênior do Banco Rabobank, acredita que o BC poderá reconhecer a atividade mais fraca no comunicado, mas de maneira sutil e mantendo um tom neutro. Dessa forma, o câmbio não seria afetado como ocorreria no caso de um viés marcadamente brando.

Oreng também não acredita que uma eventual constatação da atividade fraca poderá ser lida no mercado como sinal de que o novo Copom, comandado a partir deste encontro por Roberto Campos Neto, seria mais dovish do que o anterior, presidido por Ilan Goldfajn. “Este é um reconhecimento que mesmo a equipe anterior faria. O cenário mostra que os riscos para a atividade continuam baixistas.”

Para o estrategista Ilya Gofshteyn, do Standard Chartered Bank, o dólar poderá cair se o Copom não sinalizar qualquer alívio monetário, como vem sendo precificado por parte do mercado. Para ele, os investidores estão esperando uma mudança dovish com Campos Neto que pode não vir. “Se o BC sinalizar consistência, o real pode ter um ganho modesto, com o investidor deixando de precificar o risco de cauda de um alívio substancial.”

A reação do câmbio dependerá ainda de outros fatores, como os juros internacionais e a reforma da Previdência. Se a postura dovish do Fed for mantida, o real tende a seguir fortalecido, assim como outras moedas emergentes, mesmo que o Copom altere sua mensagem, disse Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Novus Capital.

Também se espera nesta quarta-feira a chegada da reforma dos militares ao Congresso, passo aguardado por parlamentares para dar continuidade à tramitação da PEC da Previdência.

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