Por Nikos Chrysoloras, Ewa Krukowska e Jasmina Kuzmanovic.
Líderes da União Europeia avaliam indicar a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, para assumir a presidência do Banco Central Europeu, segundo autoridades com conhecimento das discussões em uma cúpula realizada em Bruxelas nesta terça-feira.
O nome de Lagarde é uma das peças-chave na mais recente lista de candidatos aos principais cargos da UE, tema de discussão de líderes políticos, parlamentares e partidos desde domingo.
Vários planos foram propostos, debatidos e depois abandonados durante as negociações que também avaliam indicações para presidente da Comissão Europeia, chefe de política externa, presidente do Parlamento da UE e um presidente das cúpulas do bloco.
O nome da diretora-gerente do FMI também surgiu em arranjos anteriores que foram desfeitos devido a divergências sobre quem lideraria a comissão. A presidência do braço executivo da UE é o ponto crucial, porque requer a aprovação de um Parlamento Europeu indisciplinado e fragmentado.
A ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, despontou para liderar a comissão depois que os estados membros do Leste e o EPP, partido de centro-direita europeu, se opuseram a um pacote acertado no fim de semana que colocaria o socialista holandês Frans Timmermans no posto.
Autoridades em Berlim dizem que a chanceler Angela Merkel é fã de Lagarde, que teria amplo apoio da coalizão governista de democratas-cristãos. A combinação Lagarde-Von der Leyen foi proposta pelo presidente francês Emmanuel Macron em uma conversa com Merkel na noite de segunda-feira, segundo uma autoridade da UE.
No “toma lá, dá cá” da União Europeia, os cinco postos-chave estão todos inter-relacionados, por isso a candidatura de Lagarde para a presidência do BCE depende de um acordo entre líderes políticos e parlamentares sobre o resto da lista.
Lagarde, de 63 anos, seria a primeira presidente do BCE sem diploma de economista. Seria a segunda vez que um nativo da França comandaria a instituição com sede em Frankfurt. Antes de assumir seu posto no FMI, Lagarde era ministra das Finanças da França.
Se trocar Washington por Frankfurt, Lagarde herdaria uma economia que provavelmente acabaria de ter recebido uma nova dose de estímulo monetário. Observadores do BCE da Bloomberg Economics e o Goldman Sachs Group estão entre os que apostam que o BCE, ainda sob o comando de Mario Draghi, vai reduzir as taxas de juros em setembro, numa tentativa de estimular a inflação.
“Ela está muito bem conectada no nível político com suas contrapartes na região e de forma mais ampla”, disse Ned Rumpeltin, chefe europeu da estratégia de câmbio no Toronto-Dominion Bank. “Isso pode ser muito importante se e quando a zona do euro enfrentar uma desaceleração mais profunda.”
Lagarde também foi a primeira mulher a assumir o posto de diretora-gerente do FMI. Ela foi indicada pela primeira vez em 2011 e conseguiu um mandato de mais cinco anos em 2016. Assumir o cargo do BCE significaria deixar seu mandato um ano e meio antes do término, provavelmente provocando uma disputa entre as capitais sobre se a Europa deveria manter seu controle sobre o principal posto no FMI ou aceitar que é hora de abrir as portas para um candidato de mercados emergentes.