Economia global desliza com dados fracos na China e Alemanha

Por Craig Stirling.

A vulnerabilidade do crescimento global às disputas comerciais e a dependência do momentum dos Estados Unidos foram expostas: as maiores economias da Ásia perderam força, enquanto a Alemanha escapou por pouco de uma recessão.

Um triplo golpe de dados sombrios divulgados na quinta-feira começou com uma forte desaceleração do crescimento japonês para uma fração das previsões, antes que a China registrasse o menor aumento do investimento em ativos fixos em pelo menos duas décadas. Na Europa, a Alemanha surpreendeu e mostrou crescimento, mas a retração do trimestre anterior foi mais forte do que o estimado anteriormente.

A fragilidade sinalizada pelos relatórios destaca a dependência de países em todo mundo de um acordo comercial China-EUA que possa eliminar a incerteza que encolhe a produção das fábricas. Os dados também destacam o risco de os EUA, onde a força dos consumidores sustenta o crescimento, se tornarem a única muleta do momentum global.

“Estamos em uma recessão na manufatura”, disse Saker Nusseibeh, presidente da Hermes Fund Managers, em entrevista à Bloomberg TV. “Mesmo nos EUA, há retração na manufatura.” A diferença, segundo ele, é que os gastos dos consumidores dos Estados Unidos têm sido muito mais fortes do que na Alemanha.

A fraca demanda global pesou no Japão, onde o crescimento anualizado foi de apenas 0,2% no terceiro trimestre, em comparação com uma previsão mediana de 0,9%. Izumi Devalier, chefe de economia do Bank of America Merrill Lynch, calcula que os dados futuros podem ficar ainda piores.

“Acreditamos que os números do PIB no quarto trimestre serão bastante fracos”, disse em entrevista à Bloomberg Television. “Não ficaríamos surpresos se tivéssemos uma retração considerável.”

Na China, o cenário é semelhante. Tanto a produção industrial quanto as vendas do varejo ficaram abaixo das estimativas. O investimento em ativos fixos aumentou apenas 5,2% nos primeiros 10 meses do ano, o menor nível desde que os dados começaram a ser coletados em 1998.

Embora a Alemanha, a maior economia da Europa, tenha desafiado as expectativas de recessão com um crescimento surpreendente no terceiro trimestre, a expansão foi de apenas 0,1%, e o investimento em máquinas e equipamentos diminuiu. A queda do PIB no período anterior foi revisada para 0,2%, maior do que o divulgado originalmente.

O crescimento econômico em toda zona do euro foi de 0,2% no trimestre.

Isso faz dos EUA o destaque positivo da economia global. O índice de confiança do consumidor medido pela Universidade de Michigan subiu pelo terceiro mês em novembro. O mercado de trabalho permanece forte: as empresas abriram 128 mil vagas em outubro.

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