Por Denise Wee.
A perspectiva da pior recessão desde a Grande Depressão tem levado empresas endividadas à inadimplência, e um número cada vez maior também deve deixar de pagar dívidas, mas de uma maneira dificilmente notada por investidores.
Agências de classificação de risco preveem que mais empresas vão tentar trocar dívida “distressed”, ou de alto risco, com o objetivo de resolver problemas de liquidez por meio da troca de dívidas ou recomprando-as com altos descontos. Tais medidas são menos graves do que deixar de fazer pagamentos e podem passar despercebidas pelo público em geral. No entanto, esses esquemas geralmente resultam em perdas para credores e são normalmente vistos como inadimplência por agências de classificação.
A Moody’s Investors Service prevê aumento do número geral de trocas de dívida distressed em meio à crise econômica decorrente da pandemia de coronavírus e dos baixos preços do petróleo. A Fitch Ratings disse que o “deslocamento de preços” nos mercados de títulos de alto rendimento poderia causar um salto dessa prática. Já houve muitas operações desse tipo neste ano, como as realizadas pela empresa de carvão da Indonésia Geo Energy Resources e pela incorporadora de parques empresariais chinesa Yida China Holdings.
“As trocas distressed geralmente são apenas ‘ataduras’, e a empresa acaba falindo”, disse Edward Altman, professor emérito da Stern School of Business da Universidade de Nova York e diretor de pesquisa de mercado de crédito e dívida no NYU Salomon Center. Altman, que desenvolveu um método amplamente usado chamado Z-score para prever colapso de empresas, estima que até 40% das trocas distressed terminam em falência dentro de três anos.