Por Vinícius Andrade.
O Itaú BBA projeta uma alta de 13% para o mercado brasileiro de ações até o fim do ano, ainda que o ritmo lento da recuperação econômica leve a uma revisão para baixo nas projeções para o crescimento dos lucros das empresas no curto prazo.
A visão construtiva da casa está sustentada em três pilares principais: cenário de juros mais baixos por um período prolongado, aceleração do crescimento após a aprovação da reforma da Previdência no Congresso e uma rotação forte de fluxo para ações por parte dos investidores de varejo, segundo Marcos Assumpção, chefe de estratégia de ações para Brasil do Itaú BBA.
“Após a reforma, há agenda quase represada que pode ocorrer rapidamente, como abertura comercial, aumento de produtividade, redução de burocracia e tema de privatizações”, disse Assumpção, em entrevista em São Paulo.
As ações brasileiras registraram o primeiro ganho mensal em maio desde 2009, em meio a melhores perspectivas para a reforma da Previdência, que é vista como crucial para o país estabilizar o crescimento de sua dívida pública. A maior parte dos economistas e investidores espera que a reforma seja aprovada na Câmara dos Deputados no terceiro trimestre do ano.
“Os investidores parecem ter ganhado mais confiança de que a reforma será aprovada, em meio à queda na rejeição à reforma,” disse Assumpção. Em meados de maio, a consultoria política Eurasia afirmou que a resistência dos parlamentares ao tema diminuiu.
Apesar da resiliência do mercado no último mês, os investidores estrangeiros retiraram R$ 4,2 bilhões em ações na B3 em maio, levando saldo acumulado do ano a ficar negativo em R$ 3,7 bilhões. Para ele, o investidor estrangeiro está em modo espera, aguardando a aprovação da reforma. “É um governo novo, um Congresso novo, nova forma de governar. Então está todo mundo esperando.”
Segundo Assumpção, contudo, parte da saída estrangeira está sendo compensada pelo investidor pessoa física local. “Há vários investidores de varejo procurando ativos com retorno um pouco maior, buscando mais risco para ter mais retorno – e o movimento é reforçado pela emergência de plataformas de investimentos.”
Em um relatório recente, o Itaú BBA revisou a projeção para o índice Ibovespa no fim do ano de 117.000 pontos para 110.000, citando a decepção com os resultados corporativos no primeiro trimestre do ano. Ainda assim, a casa espera que os lucros cresçam 17% em 2019.