Para vice-presidente do Fed, há mais motivos para cortar juros

Por Richard Miller e Steve Matthews.

O argumento a favor de uma redução das taxas de juros ganhou força recentemente, disse o vice-presidente do Federal Reserve, Richard Clarida, destacando que a economia dos Estados Unidos no momento é abalada em várias frentes em meio a um maior clima de incerteza.

Em entrevista na sexta-feira a Tom Keene, da Bloomberg Television, Clarida afirmou que os argumentos para uma política monetária de maior acomodação foram reforçados. “Especialmente nas últimas seis ou oito semanas, há elevada incerteza sobre as perspectivas.”

Os comentários de Clarida estão em linha com as declarações na quarta-feira do presidente do Fed, Jerome Powell. O banco central americano manteve as taxas de juros inalteradas, mas as autoridades disseram que as incertezas para o cenário do Fed haviam aumentado. Os comentários foram interpretados como um sinal de que um corte dos juros possa estar a caminho já na próxima reunião do Fed, no fim de julho.

O vice-presidente do Fed descartou as preocupações de que a autonomia política da autoridade monetária esteja em risco devido às críticas implacáveis do presidente Donald Trump ao banco central. “Não acho que nossa independência esteja ameaçada”, disse.

A Bloomberg News relatou esta semana que Trump acredita ter autoridade para tirar Powell da presidência do Fed, depois de ter encomendado aos advogados da Casa Branca um estudo sobre a possibilidade de tal medida.

Perguntado sobre como os bancos centrais estavam reagindo a essa possibilidade, Clarida respondeu: “Estamos apenas fazendo nosso trabalho”.

Clarida afirmou que o cenário base para a economia dos EUA é “bom”, embora o crescimento possa desacelerar um pouco este ano e a incerteza tenha aumentado.

“A economia enfrenta algumas correntes cruzadas agora”, disse. “Houve uma redução nas perspectivas de crescimento global. Há incerteza sobre o comércio internacional.”

Ele disse que o Fed analisa uma série de dados para decidir o caminho a seguir, como o cenário externo.

“Não somos um banco central monótono”, disse, contestando as alegações de que os fracos dados do mercado de trabalho em junho levantados pelo próprio Fed justificariam um corte das taxas. O relatório de mercado de trabalho deste mês será divulgado em 5 de julho.

A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto na quarta-feira de manter as taxas inalteradas – em uma faixa de 2,25% a 2,5% – não foi unânime. O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, defendeu um corte de 0,25 ponto percentual. Seu voto foi a primeira dissidência do mandato de 16 meses de Powell como presidente.

Ao escrever em um blog na sexta-feira para explicar sua discordância, Bullard disse que preferia cortar as taxas para evitar os riscos de uma inflação muito baixa e crescimento mais fraco.
Em sua entrevista à Bloomberg Television, Clarida foi na mesma linha: “Vamos agir de forma apropriada para sustentar a expansão”, disse.

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