Por John Ainger e James Hirai.
Operadores do mercado monetário começam a apostar que o Federal Reserve pode ser obrigado a fazer um corte de emergência das taxas de juros se o surto de coronavírus piorar.
As apostas empurram os rendimentos de referência dos títulos do Tesouro dos EUA para mínimas históricas. Traders agora precificam mais do que um corte de 25 pontos-base na reunião do Fed em março, com outra redução esperada em junho. A última vez que o Fed cortou os juros fora do cronograma foi em 2008.
“Um corte de emergência é claramente uma possibilidade crescente por várias razões: o abalo da confiança, queda dos preços do petróleo, oscilações dos mercados acionários, riscos à cadeia de suprimentos global etc.”, disse John Wraith, estrategista de juros do UBS, em Londres. “Ao contrário da maioria de outros bancos centrais, eles têm alguma margem de manobra.”
As apostas em uma medida de política monetária seguem uma semana de turbulência no mercado diante da propagação do coronavírus em proporções quase pandêmicas em vários países. Investidores estão preocupados com o fato de que uma desaceleração na China – e agora em outras partes do mundo com o fechamento de fábricas – pese no crescimento.
Embora operadores esperem que o Fed possa reduzir os juros pelo menos três vezes este ano, também precificam mais de 25 pontos-base de corte pelo Banco da Inglaterra em maio e mais de 10 pontos-base pelo Banco Central Europeu em julho. Em vez de um corte de emergência, o Fed também pode optar por fazer um corte de 50 pontos-base na reunião de 18 de março, segundo o Standard Chartered.
“É sensato o mercado precificar alguma possibilidade desse corte de emergência? Bem, sim”, John Davies, estrategista de juros para EUA do Standard Chartered.