Dívidas de emergentes devem se recuperar após período difícil

Por Selcuk Gokoluk.

O pior ano nos mercados emergentes desde a crise financeira está terminando e seus títulos de dívida parecem prontos para uma recuperação em 2019.

Com o aperto monetário pelo banco central americano e a disputa comercial entre EUA e China castigando os títulos de países em desenvolvimento, era de se esperar que o ano se encerrasse com mais dívidas problemáticas, rendimentos reais negativos e piora das contas públicas.

Longe disso.

Tirando a China, onde o setor imobiliário sofre pressão devido a fatores domésticos, o nível de dívidas em situação de estresse seguiu inalterado na maioria das economias emergentes. Os bancos centrais garantiram o rendimento adicional de suas moedas, independentemente das decisões do Federal Reserve. Além disso, os saldos orçamentários já parecem saudáveis e a tendência é melhorar.

Esta é a segunda parte de uma série sobre a perspectiva para ativos de mercados emergentes em 2019. Leia a primeira parte sobre ações e a terceira parte sobre moedas.

Sem estresse

A maioria dos emergentes teve poucos ou nenhum título corporativo com spread sobre os títulos do Tesouro americano ajustado pelas opções superior a 1.000 pontos-base, que é a típica definição de estresse.

  • Nem economias vulneráveis, como África do Sul e Turquia, se contaminaram
  • Exportadores de commodities, como Rússia e Brasil, têm dívidas de legado em situação de estresse, mas não houve aumento neste ano

Conclusão: O temor de calotes e reestruturações nos mercados emergentes provavelmente foi exagerado.

Como chegamos aos dados: Dívidas negociadas com spread sobre o rendimento dos títulos do Tesouro americano igual ou superior a 1.000 pontos-base como percentual da dívida total daquele país.

Rendimento real

À medida que os bancos centrais reagem ao fim da era de dinheiro fácil e sobem juros, os investidores voltam a ficar interessados no rendimento adicional sobre os títulos do Tesouro americano. No entanto, o retorno maior não vem necessariamente acompanhado de maior risco. As distâncias entre as taxas básicas de juros e os índices de inflação vêm se ampliando e se mantendo mesmo quando corrigidas pela volatilidade.

  • Moedas da Ásia e América Latina oferecem o melhor retorno ajustado pelo risco

Como chegamos aos dados: Diferença entre taxa básica de juros e inflação, dividida pela volatilidade cambial.

Teste fiscal

O desafio dos governos agora é manter suas economias crescendo enquanto os custos de captação aumentam. Especialistas esperam que as autoridades continuem controlando os gastos para evitar choques fiscais.

  • Os orçamentos de países exportadores de commodities, como a Rússia, provavelmente serão os que mais vão melhorar até 2020
  • No ano que vem, os processos eleitorais serão mais relevantes no Oriente, mas superávits orçamentários e em conta corrente amorteceriam os impactos de uma ascensão populista em muitos países asiáticos
  • Economias deficitárias como Turquia, Argentina e África do Sul tendem a se estabilizar e proporcionar um ambiente mais receptivo à entrada de capital

Como chegamos aos dados: Diferença entre os saldos orçamentários projetados para 2018 e 2020.

O Bloomberg Barclays Emerging Markets Hard Currency Aggregate Index está no maior nível em um mês, enquanto o índice correspondente em moeda local está próximo do maior patamar em seis meses. O rendimento adicional sobre os títulos do Tesouro americano que os investidores exigem para deter papéis denominados em dólares emitidos por nações em desenvolvimento é o maior desde junho de 2016.

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